sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pense um pouco...

"Pense em você acordando...
Pense em você abrindo os olhos e focalizando o mundo a sua volta...
Pense em você não ouvindo nenhum som em torno...
Nada...
Somente seus pensamentos, envoltos em imagens dentro de você...
Esse é o nosso mundo...
Silêncio...
Compreensão...
Incomprensão...
Solução."
(autor desconhecido)

IMAGINE - GLEE E CORAL DE SURDOS

A SURDEZ - CONTEXTO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO

Desde suas origens a educação de surdos esteve ligada a um padrão de normalidade no qual o surdo é considerado como ser incompleto. Apesar dos avanços conceituais sobre a surdez, ainda encontramos no Brasil práticas pedagógicas que defendem a integração do surdo na sociedade por meio da oralização, sem o uso das línguas de sinais.

De modo geral, pode-se afirmar que os sujeitos surdos encontram dificuldades com o uso do português escrito, e utilizam amplamente a visão em sua comunicação por meio da Língua de Sinais Brasileira (Libras). Pois, para o surdo, percepção e representação do mundo se dão por meio dos componentes visual e gestual. Considerando o exposto, com o presente trabalho analisamos em materiais bibliográficos (teses, dissertações, obras, entre outros), a questão da aprendizagem dos surdos por meio de atividades lúdicas com a utilização de jogos, e apresentando a possibilidade do uso dos Objetos de Aprendizagem.


Os jogos favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias formas, facilitando a auto-expressão. Encorajam o desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos, como comparação e discriminação; e pelo estimulo à imaginação. Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados através do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo (GIOCA, 2001, p. 22).

Hoje, a comunicação utiliza muito mais as imagens e o surdo é fisicamente apto a explorar esse contexto. Precisamos, contudo, ajudá-lo a amplificar a sua análise dessas imagens, a decodificá-las, a fim de que ele possa enriquecer sua seleção e escolhas dos “textos” que vai ler, ampliando seu vocabulário e instrumentalizando-o a pensar e agir com maior autonomia (DOMINGUES, 2006, p. 23).

No entanto, sobre o fracasso educacional dos surdos no Brasil, Lebedeff (2006, p.139) afirma que se dá pela negação da Libras no contexto escolar. Assim, a educação inclusiva no País tem deixado a desejar, pois, há um desequilíbrio entre o campo legal e conceitual, bem estruturado, e a prática pedagógica. Deste modo:

Contudo, o potencial pedagógico dos jogos pode contribuir com a melhoria da educação de surdos. Todavia, acreditamos que a problemática estudada apresenta grande relevância social, tendo em vista que a educação do surdo vem sendo prejudicada, devido ao não atendimento das necessidades educacionais desses alunos.

Considerando as especificidades lingüísticas e culturais dos sujeitos surdos, neste trabalho procuramos conceituar jogo, analisando sua interferência em âmbito educativo e por fim avaliando suas possibilidades pedagógicas na educação de crianças surdas. Pois, acreditamos que no contexto atual brasileiro, que privilegia a educação inclusiva, as escolas encontram sérias dificuldades no atendimento aos educandos surdos.

 Diante disto, ponderar-se como o uso de jogos pode contribuir para a melhoria deste quadro, contribuindo para que haja uma aprendizagem significativa dos conteúdos. Tendo como principal motivação o desejo de auxiliar aos educadores na compreensão do processo de aprendizagem dos alunos surdos.

CONCEITUANDO JOGO

A palavra jogo não possui um único conceito, entretanto, encontramos um ponto em comum entre a literatura especializada, nas palavras de Murcia (2005, p.12), “o ponto semântico comum em todas essas palavras que expressam o conceito jogo parece ser um movimento rápido”.

[...] o jogo é uma atividade livre, desenvolvida de forma espontânea, que não possui finalidade exterior, com tendência recreativa e certas doses de tensão, devendo seguir regras definidas pelos próprios participantes, as quais são suscetíveis a constantes variações (MURCIA, 2005, p. 5).

PESQUISAS CONTEMPORÂNEAS SOBRE JOGO E SURDEZ

Em seus estudos Vygotsky concebia uma educação compensatória, que para os surdos suprisse a falta do canal auditivo por meio da estimulação do canal visual. Pois compreendia que o insuficiente desenvolvimento que se observa nas pessoas com algum tipo de defeito se deve essencialmente à ausência de uma educação baseada em métodos e procedimentos especiais que permitam o desenvolvimento semelhante aos meninos normais (MACHADO, 2003, p. 4, apud, VYGOTSKY, 1995, p.2).

Esta idéia de compensação ainda é usada na atualidade, o que segundo Chaves (2006) seria a transformação da deficiência auditiva em eficiência visual, como uma possível via colateral de desenvolvimento (CHAVES, 2006, p. 57).
Contudo, sabemos que a dificuldade de aprendizado dos alunos surdos, muitas vezes esta relacionada a dificuldades lingüísticas, o que impossibilita o acesso destes ao conhecimento, prejudicando a elaboração do pensamento abstrato. Ou seja, a educação de surdos tem levado os alunos a desenvolverem um raciocínio concreto sobre o mundo que os cerca. Se os surdos foram excluídos de aprendizagens significativas, obrigados a uma prática de atividades sensório-motoras e perceptuais, mas não de conteúdo de abstração, se foram impedidos de utilizar a Língua de Sinais em todos os contextos de sua vida, então nada têm a ver os surdos nem a Língua de Sinais com as supostas limitações no uso dessa língua, na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de seu pensamento (MACHADO, 2003, p. 10, apud, SKLIAR, 1997).

Assim sendo, os educadores devem explorar mais os jogos como atividades pedagógicas, tornando as aulas mais atrativas para as crianças surdas devido ao caráter lúdico dos jogos, apoiado em representações visuais. Com isto, Segundo Ortiz (2002), o ensino por meio de jogos deve contribuir para uma participação mais ativa das crianças no seu processo de aprendizagem, rumo ao desenvolvimento, não só do conhecimento, mas da criatividade, da sensibilidade, do autoconhecimento, possibilitando a estas um repertório maior de respostas, e o desenvolvimento da capacidade de criá-las, para resolver as questões do dia a dia.

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